O pastor fundador da Igreja Cristã Contemporânea, igreja composta por líderes homossexuais, Marcos Gladstone, entrou com pedido junto ao Ministério Público (MP) e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra o compositor Toninho de Aripibu, autor da música “Adão e Ivo”, e o cantor Emanuel de Abertin, intérprete da canção.
Segundo o pastor, a música é preconceituosa e incita a homofobia. A música tornou-se conhecida após um comício de Antony Garotinho, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. Durante o evento político, Emanuel de Albertin cantou a música, acompanhado de Garotinho, que declarou ser contrário à união entre o mesmo sexo.
“Essa música é de tremendo mau gosto. Há uma parcela da sociedade que tem dificuldades de conviver com a pluralidade, mas esse é um exercício que tem de ser feito para que possamos viver em paz”,falou Marcos Gladstone. O pastor fez a crítica porque em um trecho a música afirma: “a cada dia multiplica a iniqüidade, sinceramente isso me deixa pensativo. Se Deus tivesse feito homem pra casar com outro não seria Adão e Eva, tinha feito Adão e Ivo”.
No clipe na música, postado no youtube, aparece fotos do casamento do pastor Marcos Gladstone com o também pastor Fábio Inácio, que aconteceu em novembro do ano passado. No título do clipe mostra o nome da música e um telefone para contato de Emanuel de Albertin, além de inscrições contra a PL 122, a Lei da Homofobia. No vídeo há uma referência a união homossexual como “desprezível, horrível e abominável”. Também criticado o fato de na foto da cerimônia de casamento, mostrando um beijo entre o casal, estar presente uma criança de seis anos.
“Já estão usando esse vídeo como forma de agressão. A gente recebe o link para o vídeo por e-mail, ouve chacotas. Para mim, música religiosa é para adoração a Deus, não para discriminar. As pessoas têm imagem de que o gay é promíscuo, não valoriza a família. Nosso casamento foi cercado de
respeito para mudar essa visão. Não esperávamos esse ataque”, disse Gladstone.
A representação contra o autor e intérprete da música foi encaminhada para a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, ao Ministério Público e à defensoria pública sob acusação de infração contra os direitos de imagem.